O Ministério Público da Paraíba (MPPB), a Polícia Federal (PF) e a Secretaria de Segurança e Defesa Social da Paraíba deflagaram, na madrugada desta sexta-feira (9), uma operação para desarticular grupos milicianos acusados de praticar vários crimes no estado, como tráfico e comércio ilegal de armas e munições, segurança privada armada clandestina, extorsão, corrupção, lavagem de dinheiro e extermínio de pessoas.

Ao todo, estão sendo cumpridos 75 mandados, sendo 35 de prisão preventiva, dez de prisão temporária e buscas, 11 de condução coercitiva de pessoas e 19 de busca e apreensão de documentos nas cidades de João Pessoa, Bayeux, Cabedelo, Santa Rita, Alhandra, Mari, Cajazeiras, na Paraíba e, em Recife e Petrolina, no estado de Pernambuco. Cerca de 400 policiais federais participam da operação. 

Os alvos das prisões são policiais militares de várias patentes (incluindo major, capitão e sargento), policiais civis e delegados, agentes penitenciários e particulares que, de acordo com as investigações do MPPB e da PF, atuariam em três milícias interligadas pelo tráfico ilegal de armas e munições (sendo que alguns dos milicianos integravam os três grupos). 

A primeira milícia é composta por policiais militares, policiais civis, um agente penitenciário e particulares que atuavam como “grupo de extermínio”, principalmente na Região Metropolitana de João Pessoa. As vítimas eram, em geral, presos e ex-presidiários, executados em razão de “acertos de contas”. 

O outro grupo era comandado por oficiais da PM e realizava segurança privada clandestina (principalmente para postos de gasolina), comércio ilegal de armas e munições, usando para isso uma empresa em nome de “laranjas”. O grupo criminoso - que contava também com o apoio de um delegado da Polícia Civil da Paraíba - é investigado, ainda, pela prática de crimes financeiros e lavagem de dinheiro. 

Outra quadrilha de milicianos é formada por policiais civis e militares e um agente penitenciário, que extorquia traficantes de drogas, assaltantes de banco e outros criminosos. 

 Investigação

A investigação, coordenada pela Polícia Federal com o apoio do Ministério Público da Paraíba e da Secretaria de Segurança e Defesa Social da Paraíba, começou há cerca de um ano e sua execução contou com a participação do COT (Comando de Operações Táticas da Polícia Federal) e dos GPIs (Grupos de Pronta Intervenção da Polícia Federal) de diversos estados. 

As provas obtidas no curso das investigações devem ajudar na elucidação de vários homicídios praticados por todo o estado da Paraíba. Ações de inteligência permitiram, inclusive, evitar execuções que seriam praticadas pela milícia. 

 Coletiva

Até o final da manhã desta sexta-feira (9), 31 milicianos haviam sido presos. Eles foram levados para a sede da Polícia Federal, na Paraíba, que fica na BR-230, Km 7, em Cabedelo. Lá, o promotor de Justiça Bertrand Asfora, coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal (CaoCrim), do Ministério Público do Estado da Paraíba (MPPB); o superintendente da PF paraibana, Marcelo Diniz Cordeiro; o secretário da Segurança e Defesa Social, Cláudio Coelho Lima; e o delegado da Polícia Federal Milton Rodrigues Neves (que comandou parte das investigações e está à frente da 'Operação Squadre') concederam entrevista coletiva à imprensa. 

O promotor de Justiça Bertrand Asfora ressaltou a importância da sincronização entre o trabalho do Ministério Público com as ações da Polícia Civil e da Polícia Federal. Para ele, que representou o procurador-geral de Justiça, Oswaldo Trigueiro do Valle Filho, na entrevista coletiva, essa sincronização de ações tem dado muitos resultados à sociedade paraibana. 

“Um dos papéis do Ministério Público é o de colaborar por meio dos investimentos que nós fizemos em nossa instituição. Dentro dos nossos limites financeiros e orçamentários, investimos muito na área da inteligência, capacitando os nossos promotores, dando instrumentos para que possamos trabalhar junto com a Polícia Federal e com a Polícia Civil, para restaurar, nesses ambientes de caos, o estado democrático de direito, que é o compromisso maior de todos nós”, enfatizou Bertrand Asfora.

 

 






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